“Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e furtam.”Mateus 6:19 – NVI
Tudo o que tentamos guardar, um dia nos escapa.
O medo por trás do acúmulo
Há um tipo de medo que se disfarça de prudência. Ele fala baixo, mas governa. Sussurra que precisamos de mais: mais saldo, mais diplomas, mais reconhecimento, mais provas de que estamos seguros. Chamamos isso de planejamento, mas no fundo é ansiedade em roupa social.Jesus não condena o cuidado, mas a ilusão. Ele sabe que o coração humano tem o dom de transformar precaução em prisão. E quando o medo do amanhã se torna motor da vida, o presente vira depósito — um lugar de empilhar garantias contra o imponderável.
O fascínio do que brilha
A traça e a ferrugem são pequenas, silenciosas, pacientes. Elas trabalham quando ninguém vê. O texto não fala de destruição súbita, mas de uma corrosão lenta. É assim que o brilho do sucesso se desgasta. Primeiro parece nada. Depois é tarde demais.Talvez a ferrugem moderna não coma metais, mas tempo. Corroemos o tempo tentando preservar o que já está oxidando: o corpo, a imagem, a reputação. Empilhamos fotos, curtidas, conquistas… e chamamos isso de vida. Mas tudo isso também apodrece, só que por dentro.
A beleza do desapego
“Não acumulem” não é um mandamento de pobreza, mas de liberdade. É o convite a viver com as mãos abertas — não porque desprezamos o que temos, mas porque entendemos que nada disso nos pertence. O desapego não é frieza, é confiança. Só quem crê que há um tesouro que não se perde pode viver leve entre as perdas.Acumular é tentar segurar o vento. Confiar é aprender a respirar com ele.
O coração, esse cofre invisível
Jesus não fala apenas de dinheiro, mas do lugar onde o coração se esconde. O tesouro revela o centro da afeição. Se o que amamos pode ser corroído, talvez não seja amor, mas apego.E se tudo que temos é vulnerável, talvez seja aí que Deus sussurra: “É comigo que a tua segurança recomeça.”
Às vezes, perder é o jeito que o céu tem de nos devolver o essencial.
Palavras-chave: desapego, segurança, fé, consumismo, liberdade







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