> 2Timóteo 1:7 NVI
[7] Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de poder, de amor e de domínio próprio.
Frase de impacto:
Talvez não precisemos de mais confirmações, mas de admitir que temos vivido guiados pelo medo.
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Uma carta antiga, um espelho atual
Quando lemos essa frase de Paulo para Timóteo, é fácil imaginar um “outro” tímido, inseguro, com medo de se posicionar. Mas a verdade é mais incômoda. Nós somos esse Timóteo.
Vivemos num tempo em que seguir Jesus não costuma levar à prisão, mas pode custar reputação, oportunidades, status. E dói mais do que gostaríamos de admitir. Então, sem perceber, deixamos o medo organizar nossa agenda, nossos silêncios, nossos limites.
Paulo deixa claro: o espírito de covardia não vem de Deus. Se ele está dominando, não é só um detalhe psicológico, é um choque de origem. Esse vento que assopra nossas decisões não é o vento do Espírito.
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As nossas desculpas sofisticadas
A covardia no nosso coração é criativa, inteligente, convincente.
Quantas vezes dizemos que é prudência, quando na verdade é medo?
“Não é falta de fé, é que eu preciso ser responsável…”
Quantas vezes nos escondemos atrás da humildade?
“Quem somos nós para falar, tem tanta gente melhor preparada…”
Quantas vezes usamos temperamento como capa espiritual?
“Somos mais reservados, não é nosso jeito, não queremos forçar nada…”
E ainda sabemos usar teologia para justificar a fuga.
“Deus conhece o coração, não precisamos ficar nos expondo, o importante é a intenção.”
Se olharmos com honestidade, veremos um padrão: nosso conforto permanece intacto, nossa fé continua doméstica, e o evangelho, discreto demais na vida real. Não porque Deus não fala, mas porque nós calculamos demais antes de obedecer.
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O que Deus já nos deu, mesmo quando trememos
Se Deus não nos deu um espírito de covardia, o que ele já colocou em nós?
Poder. Amor. Domínio próprio.
Poder, não como espetáculo religioso, mas como capacidade de dar um passo que, naturalmente, jamais daríamos. É o sim engolindo o “deixa para depois”. É o pequeno ato de coragem na conversa difícil, na confissão honesta, na decisão ética que pode nos custar.
Amor, que nos desloca do centro. Quando o medo manda, tudo gira em torno da autoproteção. Quando o amor move, ficamos até com medo, mas a dor do outro pesa mais que nossa reputação, nosso constrangimento, nossa imagem.
Domínio próprio, que coloca o medo no lugar certo. Não é deixar de sentir, é não deixar que ele sente na cadeira de comando. É tremer por dentro e ainda assim responder com obediência. A voz do Espírito nos lembrando, no meio do caos: “Quem manda aqui não é a covardia”.
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Talvez o que falte não sejam sinais
Talvez não precisemos de mais confirmações, mais provas, mais garantias. Talvez precisemos responder a uma pergunta simples e desconfortável:
O que tem guiado nossas decisões, o Espírito de Deus ou o espírito de covardia?
Se for Deus, veremos poder, amor e domínio próprio em algum nível, mesmo pequeno, mas real. Se for covardia, veremos argumentos bonitos, justificativas piedosas, postergações elegantes… e uma fé que vive quase obedecendo, quase indo, quase se posicionando.
Talvez já tenhamos o que precisamos. Só estamos deixando o medo mandar.
Deus não nos deu esse espírito. Então, juntos, precisamos parar de tratá-lo como se fosse um dom.





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